segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A coragem de mudar


Às vezes, quem sabe parar, mudar, desistir, repensar e adotar um novo ponto de vista tem tanto talento – e tanto valor quanto quem é um grande realizador. Muita gente não tem coragem de abandonar seu emprego e partir para outro negócio – e fica infeliz onde está pelo resto de sua vida. É o caso da pessoa que acaba passando 20 anos na mesma empresa fazendo o que não gosta – quando podia ter tido muito mais sucesso em qualquer outro negócio.

Todo grande empresário precisa ser um grande realizador – mas, para realizar bem, precisa gostar do que faz. E não é sempre que se pode acertar a profissão ideal. Geralmente, as pessoas ficam com medo ou acomodadas ou receosas em ter de dar tanta satisfação para conseguirem tomar uma decisão simples. Para desistir de um casamento, você tem de dar satisfação à família, à sociedade, à igreja, aos filhos. Para desistir de uma carreira, você tem de dar satisfação aos colegas, aos amigos, aos chefes, às pessoas que estavam acostumadas à sua imagem ligada a determinada empresa eventualmente até a credores. Mas quando se trata da sua felicidade pessoal, a única pessoa a quem você deve qualquer satisfação é você mesmo. E a felicidade pessoal de toda pessoa passa pelo trabalho.
É muito comum ver publicitário reclamando da sua profissão. Ou porque o cliente não entende suas idéias, ou o atendimento pede tudo em cima da hora, ou a campanha não saiu como era ideal – tudo é motivo de problema, de queixa, de insatisfação. Toda pessoa tem o sagrado direito de não gostar do que faz – só não tem o direito de continuar a fazer o que não gosta. Minha disposição de enfrentar um negócio novo e me dedicar inteiramente para ver até onde esse novo negócio poderia crescer provavelmente seja fruto dessa minha convicção de que não existe trabalho bem-feito sem paixão. Quando sentir que não contribuo mais, que não sou mais útil a qualquer negócio, tenho certeza de que vou ter de novo a coragem de reconhecer minha disponibilidade – e ir embora.
Todo empresário precisa ter a visão e a lucidez de saber se enxergar em seu mercado – e a coragem de abandonar tudo, quando for preciso. Uma das lições mais difíceis e mais necessárias que se tem de aprender é como se tornar gradualmente desnecessário. Existe um mundo de oportunidades que se abrem, dia a dia, para todo bom profissional. Mas um bom profissional é melhor ainda quando sabe fazer a escolha certa. Como na vida pessoal, a decisão de continuar ou não um casamento, uma relação ou uma amizade é sempre muito complexa, na vida profissional a decisão de aceitar ou não uma proposta, comprar ou não mais mercado, associar-se ou não a algum grupo e terminar ou não uma sociedade também deve ser decisiva.
Sempre repeti que dinheiro não traz felicidade – mas certamente felicidade ajuda a trazer dinheiro. O importante é realmente atentar para o fato de que o dinheiro era sempre mencionado após o desejo de felicidade. Todo mundo sabe como dinheiro pode ajudar a conquistar a felicidade para certas pessoas, mas o curioso é que, no interior do negócio, a felicidade era sempre mencionada antes. Como o sonho de felicidade pessoal era anterior até ao da estabilidade financeira, eu mesmo comecei contando a todos qual era o meu ideal de uma agência saudável, feliz e na qual trabalhar pudesse ser uma alegria. Desde cedo, eu sabia que não tinha vindo ao mundo a passeio. E estabeleci meu plano de carreira – e minhas metas profissionais – tendo em mente que o que mais queria era fazer alguma diferença em tudo a que me dedicasse. E, para isso, a paixão pelo trabalho – especialmente a paixão pelo trabalho bem-feito – sempre foi essencial. Mesmo no trabalho, as pessoas deviam buscar o que dá mais prazer. Sempre.
Do livro: Construindo uma Vida, de Roberto Justus

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