domingo, 7 de outubro de 2012

Como eu me apaixonei à primeira vista por você.

 
Não foi tão difícil assim, vai. Você tinha todos os encantos necessários para chamar a minha atenção e a atenção de todas as mulheres da cidade. Você era um daqueles bonitões de terno e gravata e sorriso grudado no rosto que mamãe não poria defeito nenhum. Ela não é nem louca de colocar algum defeito em você. Eu me lembro do dia como se fosse ontem. E não venha dizer que meu relato é exagerado ou que você não vestia nenhuma das cores que eu vi. O que importa é como os meus olhos te fotografaram no momento em que aquilo aconteceu. Ou como a minha imaginação recordou a história, tanto faz.
Papai sempre me disse que eu era dessas loucas que sofriam de amor precoce. Batia o olho num cara qualquer e pronto. Não havia santo que me fizesse sentir o contrário. Acho que as minhas borboletas no estômago eram de estimação desde criança. Elas ficavam por perto e apareciam ao primeiro sinal de que eu iria me apaixonar. Elas sempre apareciam. Papai também dizia aos amigos para não me deixarem perto dos filhos dele. Ele e aquela maldita mania de falar tudo em inglês por não encontrar palavra melhor na nossa língua. Heart breaker. Uma calúnia. Só porque eu sou do tipo que afugenta as borboletas logo depois que se cansa delas no estômago. Na verdade, eu acho que elas não foram feitas pra mim. Me dão azia e mal estar. Além de achar sempre piegas esse termo e a utilização dele em larga escala por metade da humanidade.
Mas voltemos a você. Acho que não tenho muitos detalhes do tal dia. Era sete de setembro de dois mil e onze e o relógio marcava umas treze e quarenta. Você ia para o trabalho com a sua maleta preta de agente secreto e eu entrei no metrô lotado odiando o mundo pela terceira vez só naquele dia. Sua gravata tava torta. Bobinho. Eu teria ajeitado se nós não estivéssemos separados por algumas dezenas de pessoas que me espremiam e passavam as mãos nas minhas pernas ocasionalmente. Miseráveis! Queriam nos separar, amor. Duas estações e o vagão esvaziou. Parei do seu lado e já detestava os seus fones de ouvido e a música que você ouvia. The Killers àquela hora da tarde? E ainda era uma música que não falava nada sobre mim. Mas você não ligou e abriu um sorriso enquanto falava ao telefone, provavelmente tímido demais para vir falar comigo. Mas eu já tinha sacado seus olhares. Esbarraram em mim na saída da outra estação e foi aí que tudo aconteceu. Meu celular caiu e você o pegou pra mim olhando dentro dos meus olhos e tocando a minha mão. E a partir daí eu já sabia como seriam as nossas noites de terça-feira com pizza e música eletrônica que você detestava. Já sabia que você me chamaria de neurótica todas as vezes em que eu aparecesse de surpresa no seu trabalho só pra te dar um beijinho. Já sabia como seriam a cor dos olhos dos bebês roubando um pouco do seu verde e um pouco do meu azul. Já sabia que você só esperaria uns dois anos até eu terminar minha especialização em medicina para me pedir em casamento. Eu já sabia como seriam as noites sem sono depois de alguma briga por motivos fúteis ou por conta daquela sua viagem de negócios. Já sabia como seria amar você como se a única coisa que importasse fosse nós dois e nada mais.
Eu já sabia como seria tudo isso se você tivesse vindo falar comigo ao invés de só ter me entregado o celular. Nem um oi, meu amor. E você desceu na estação seguinte sem nem retribuir o meu sorriso bobo. Foi um absurdo você ter deixado eu me apaixonar por você naqueles quinze minutos e nem me dar o seu nome ou telefone. Bem que papai me disse que homem nenhum serviria para mim e pro meu amor à primeira vista. E já faz mais de vinte e tantos anos que ele tem acertado na mosca. Nenhum de vocês aguenta a pressão dos meus amores imaginados e parece que já saem correndo antes mesmo de saber o que eu reservei pro nosso futuro. Homens são todos iguais mesmo. É por isso que eu dispenso as borboletas dia sim, dia não. Senão elas cansam e aquilo só me dá mais azia ainda. Bem, você poderia ter sido o amor da minha vida, mas não foi. Você poderia ter sido tudo aquilo que um dia eu sonhei, mas não foi. Você acabou com o nosso “pra sempre” quando me deixou sair do vagão sem ter me parado. Mas até que foi bom, sabe? Porque no momento exato em que eu entrei naquela lojinha de cds da esquina da rua cinco com a três, eu encontrei o meu par perfeito. E ele era bem melhor que você, hein. Ele ouvia The Smiths e, provavelmente, seria o amor da minha vida dali a quinze minutos. Ah, e mandei chamar as borboletas de volta. Porque eu nunca me engano quando encontro alguém assim.

Fonte- www.entretodasascoisas.com.br

Amor Platônico: Como ele acontece?

Quando o amor platônico acontece, é difícil desencanar facilmente. Confira os 5 passos do amor platônico. 





























1 - Fisgada

Você vê um menino pela primeira vez e, de repente, só pensa nele. Mas mesmo um desconhecido? Sim! Escolher um cara impossível é, de certa forma, estimulante: você não sabe nada sobre ele, mas imagina que seja incrível. Ao mesmo tempo, ficar a fim de um garoto assim serve como um escudo para a menina que se sente insegura com sua aparência, tem medo de se relacionar ou de namorar. Nesses casos, é bem mais fácil gostar de alguém inalcançável. Pois é: o amor platônico acaba sendo uma fuga para algumas garotas sem que elas saibam. 

2 - Falta de ar
Os pensamentos se tornam quase obsessivos e tudo o que você vê lembra o garoto. Toda história de amor platônico tem um quê de impossível, o que só aumenta a fixação: o garoto é de outra escola, mora em outra cidade, vocês só se viram uma vez, ele é famoso... 

3 - Só na sua cabeça 
Se o motivo da sua paixão platônica vive por perto você vai, em algum momento, sentir a necessidade de se fazer notada. Mas poucas meninas têm a coragem de se aproximar, já que o menino perfeito só existe na cabeça dela. E dá um baita medo descobrir que o cara não é tão sensacional assim. 

4 - Começo do fim
sem conseguir se aproximar do menino ou fazer a história evoluir, é normal começar a desencanar desse amor. Claro que sempre resta aquela esperança do "e se desse certo", que motiva muitas a continuarem cultuando fotografias, o símbolo do time dele, a marca que ele mais gosta, o papel do chiclete que ele jogou no chão... 

5 - The end
Esse é o destino natural de todos os amores platônicos saudáveis. Ele simplesmente passa com a mesma velocidade e ausência de explicações com que chegou. E, antes que perceba, a menina já está paquerando outros!

Fonte-www.capricho.abril.com.br

Por que as pessoas mentem?



Ontem, depois que saí do consultório, fui ao supermercado. Na hora de registrar as compras, como sempre, peguei uma fila quilométrica. Daí, comecei a procurar algo para “ocupar a mente”, resolvi dar uma olhada nas funcionalidades de um dos celulares que uso e descobri uma função no mínimo inusitada. Como a proposta deste post é discutir as razões que levam as pessoas a mentir, vou deixar pra falar sobre a descoberta do celular mais a diante. Antes, vamos tentar entender o que é e como ocorre a mentira.




Se alguém perguntar o que é MENTIRA, certamente você vai responder algo como: “dar uma informação falsa a alguém”, ou “afirmar que uma coisa falsa é verdadeira”. Porém isso não responde e tampouco explica o que leva uma pessoa a mentir. Para compreender melhor esta questão, precisamos encontrar uma definição relacional, ou seja, que leve em consideração o contexto onde a mentira foi produzida e quais foram suas consequências.
Uma boa ferramenta que temos para fazer a relação entre o contexto e as consequências é analisando o comportamento verbal.  Por comportamento verbal, entendemos todo comportamento (ação) de uma pessoa que produz efeitos noutra pessoa antes mesmo de produzir efeitos no contexto. Por exemplo, uma pessoa que está sentindo calor pode pedir a outra que ligue o aparelho de ar-condicionado, no lugar dela mesma ligar. Seu comportamento (verbal), ou seja, sua solicitação agiu sobre outra pessoa e esta pessoa modificou o meio em que ambas se encontravam.
Quando uma descrição ou afirmação como esta do ar-condicionado é formulada e emitida, o outro pode se utilizar dela para nortear seu comportamento. Observa-se, então, que descrições ou regras formuladas por uma pessoa afetam o comportamento do outro e nessa intenção de fazer com que a outra pessoa se comporte e provoque mudanças no contexto, pode ocorrer tanto a emissão de verdades quanto de mentiras.
Falar a verdade ou contar uma mentira, são comportamentos verbais aprendidos e mantidos pelas consequências que produzem. Ou seja, quando alguém é beneficiado por contar uma mentira, tal comportamento pode ser aprendido. Se mentir mais vezes trouxer “vantagens”, ele será mantido em alta frequência e selecionado para fazer parte do repertório comportamental da pessoa. Nesse sentido, precisamos considerar que o comportamento de mentir pode ser mantido, também, por afastar ou adiar consequências desagradáveis. Por exemplo, o estudante que falta a aula para não fazer uma prova que não estudou ou a criança que finge estar doente para não ir à escola.
Você saberia dizer quando e porque aprendeu a mentir? Normalmente aprendemos isso desde a infância. As crianças mentem com frequência para seus pais, pois eles costumam punir quando elas falam a verdade  sobre algo que os pais consideram errado. Então, elas podem aprender a mentir para, por exemplo, ter a oportunidade de brincar com um coleguinha que não é bem quisto pela sua família, ou mentir sobre ter realizado a tarefa de casa para assistir ao seu desenho favorito.
Como foi afirmado anteriormente, pode-se mentir para ter acesso a alguma vantagem ou evitar um “mal maior”. Assim sendo, as pessoas têm maior probabilidade de mentir menos e dizer a verdade diante de contextos em que o que elas não se sintam julgadas, não são criticadas, nem punidas. Se um pai pune o filho quando ele relata que assistiu TV quando deveria estudar, é importante observar que ele puniu o comportamento do filho ter feito o que não devia, mas, puniu principalmente o comportamento de dizer a verdade. Você, por exemplo, após ter sido punido por dizer a verdade, você a diria em outra ocasião?
Com isso, podemos entender que as pessoas mentem porque aprenderam a evitar punições ou ter vantagens a partir das mentiras, certo? Certo. Mas o que mais pode contribuir para que as pessoas mintam? Se você disse (ou pensou) que, para uma pessoa mentir é preciso que ela tenha as ferramentas e as condições para que a mentira seja elaborada e emitida, você acertou novamente! E já que chegamos às condições para que a mentira ocorra, vou falar do descobri no meu celular.
Na fila do supermercado, ao acessar o menu principal…
… me deparo com uma lista ferramentas, onde no topo aparecia: “chamada falsa”!
Curioso (lógico) quis saber como funcionava e para que servia.
Dei OK e surgiram opções para configurar a “chamada falsa”:
1) Ligar/desligar – para ativar/desativar a ferramenta;
2) Hora – definir o intervalo para que a chamada “falsa” fosse realizada;
3) Remetente – para inserir o nome e número do telefone de alguém .
Ativei a ferramenta, programei um intervalo de 01 minuto (poderia ser entre 10 segundos  e 30 minutos) e coloquei um nome e um número de telefone.
Confirmei a ação.
Pronto, agora era só esperar pra ver o que aconteceria.
30 segundo depois, o próprio celular toca, informando o nome e o número do celular que eu havia preenchido nos campos de configuração da “chamada falsa”.
Ri comigo mesmo, pois parecia até eu estava surtando. Juro que pensei “se eu atender, quem é que vai falar comigo? Tenso e curioso, atendi e felizmente não ouvi nada, mas verifiquei que no o visor mostrava como se de fato eu estivesse com uma ligação em curso. Inclusive ficou registrada nas chamadas recebidas com tempo de duração e tudo mais.
Não sei se o exemplo foi válido, mas com isso tentei ilustrar o quando o contexto em que vivemos e as ferramentas que ele nos oferece não só nos ensina a praticar comportamentos inadequados, como é o caso da mentira, como também esse mesmo contexto nos dá as condições e ferramentas para que tenhamos comportamentos ditos desviantes.

Além de mentiras ter pernas curtas, sabemos que todo comportamento produz pelo menos um efeito.
Confesso que gostaria muito de ouvir dos criadores de tal ferramenta ou da marca que a comercializa em seus aparelhos celulares, qual é de fato o propósito de uma de dar condições para se simular uma “chamada falsa”.  Não pude deixar de imaginar o que um criminoso poderia ou uma pessoa de má fé poderia fazer com uma ferramenta dessas ou o quão útil ela seria pra justificar tantas e tantas mentiras nos mais variados contextos e situações.
Por tudo isso é que penso que nós, juntamente com nossa sociedade, sofremos as consequências de ações mal planejadas e comportamentos inadequados que foram aprendidos pelas consequências reforçadoras de contextos em que foram geradas, mas, também, por vivermos em ambientes que favorece que tudo isso ocorra e por vezes até com incentivos, sem que sejam pensadas as consequências danosas que elas podem trazer individual e coletivamente.

Autor -Elídio Almeida

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