terça-feira, 21 de agosto de 2012

A ótica da evolução cósmica nos devolve esperança

Esqueçamos por um momento nossa visão normal das coisas e tentemos fazer uma leitura de nossa crise atual nos marcos do tempo cósmico. Talvez assim a entendamos melhor, a relativizemos e ganhemos altura em função da esperança.


Cosmos

 O tempo do Cosmos
Imaginemos que os mais ou menos 13 bilhões de anos de história do universo, sejam condensados em um único século. Cada “ano cósmico” seria equivalente a cento e treze milhões de anos terrestres.
Deste ponto de vista, a Terra nasceu no ano 70 do século cósmico e a vida apareceu nos oceanos, para nossa surpresa, logo depois no ano 73. Durante quase duas décadas cósmicas ela ficou praticamente limitada a bactérias unicelulares.
No ano 93, uma nova fase criativa se iniciou com o aparecimento da reprodução sexual dos organismos vivos. Estes, junto com outras forças, foram responsáveis por mudar a face do planeta, já que eles transformaram radicalmente a atmosfera, os oceanos, a geologia da Terra. Isso permitiu ao nosso planeta sustentar formas de vida mais complexas. Grande parte da biosfera é criação desses micro-organismos.
Nessa nova fase, o processo evolutivo se acelerou rapidamente. Dois anos mais tarde, no ano 95, os primeiros organismos multicelulares apareceram. Um ano mais tarde, em 96, assistimos ao o aparecimento de sistemas nervosos e em 97 aos primeiros organismos vertebrados. Os mamíferos aparecerão nos meados de 98, ou seja, dois meses depois dos dinossauros e uma imensa variedade de plantas.
Há cinco meses cósmicos os asteróides começam a cair sobre a Terra destruindo muitas espécies, incluindo os dinossauros. Entretanto, um pouco depois a Terra, como que se vingando, produziu uma diversidade de vida, como nunca antes.
É nesta era, quando apareceram as flores, que nossos ancestrais entraram no cenário da evolução. Logo se tornaram bípedes (há 12 dias cósmicos), e com o homo habilis começou a usar ferramentas (há 6 dias cósmicos), enquanto o homo erectus conquistou o fogo (há apenas um dia cósmico). Há doze horas cósmicas, os humanos modernos (homo sapiens) surgiram.
Pela tarde e durante a noite deste primeiro dia cósmico, nós vivíamos em harmonia com a natureza e atentos a seus ritmos e perigos. Até quarenta minutos atrás, nossa presença teve pouco impacto sobre a comunidade biótica, momento no qual começamos a domesticar plantas e animais e a desenvolver a agricultura. A partir de então, as intervenções na natureza foram se tornando cada vez mais intensas até quando, há vinte minutos, começamos a construir e habitar cidades.
Somente há apenas dois minutos, o impacto se tornou realmente ameaçador. A Europa se transformou numa sociedade tecnológica e expandiu seu poder através da exploração colonialista. Nesta fase se formou o projeto-mundo, criando um centro com várias periferias e o fosso entre ricos e pobres.
Nos últimos doze segundos (a partir de 1950) o ritmo de exploração e destruição ecológica se acelerou dramaticamente. Neste breve período de tempo, derrubamos quase metade das grandes florestas. Nos próximos vinte segundos cósmicos as temperaturas da Terra subiram 0,5ºC e podem, dentro de pouco, chegar até 5ºC colocando em risco grande parte da biosfera e milhões de pessoas. Nos últimos cinco segundos cósmicos, a Terra perdeu uma quantidade de solo equivalente a toda terra cultivável da França e da China e foi inundada por dezenas de milhares de novos produtos químicos, muitos dos quais altamente tóxicos que ameaçam as bases da vida.
Já agora estamos dizimando entre 27-100 mil espécies de seres vivos por ano. Nos próximos 7 segundos cósmicos, cientistas estimam que entre 20 a 50% de todas as espécies irão desaparecer. Quando isso vai parar? Por que tanta devastação?
Respondemos: para que uma pequena porção da Humanidade tivesse o desfrute privado ou corporativo dos “benefícios” deste projeto de civilização. Os 20% mais ricos ganham atualmente duzentas vezes mais que os 20% mais pobres. No começo de 2008, antes da crise econômico-financeira atual, havia cerca de 1195 bilionários, que, juntos, detinham 4,4 trilhões de dólares, ou seja, mais ou menos o dobro da renda anual dos 50% mais pobres. Em termos de renda, os 1% mais ricos da Humanidade recebiam o equivalente que os 57% mais pobres.
O tempo da Terra
Nosso planeta, fruto de mais de quatro bilhões de anos de evolução, está sendo devorado por uma relativa minoria humana. Pela primeira vez na história da evolução da Humanidade, os problemas referidos acima são principalmente causados por essa minoria e também, em menor proporção, por todos nós. Os perigos criados colocam em xeque o futuro de nosso modo de viver.
Entretanto, se por um lado enfatizamos a gravidade da crise, por outro, não queremos projetar visões apocalípticas que só nos causariam paralisia e desespero. Se estes problemas foram criados por nós, poderão também ser desfeitos por nós, embora alguns sejam já irreversíveis. Isso significa que há esperança de solucioná-los satisfatoriamente.
Efetivamente, quem acompanhou a Cúpula dos Povos em julho último no Rio de Janeiro ou participou dos Fóruns Sociais Mundiais se dá conta de que há milhares e milhares de pessoas conscientes e criativas, vindas do mundo inteiro, trabalhando na formulação de alternativas práticas que podem permitir à Humanidade viver com dignidade e sem afetar a saúde dos ecossistemas e da Mãe Terra.
Temos informações e conhecimentos necessários para solucionar a atual crise. O que nos falta é a ativação da inteligência emocional e cordial que nos suscitam sonhos salvadores, solidariedade, compaixão, sentimentos de interdependência e de responsabilidade universal.
Importa reconhecer que todas as ameaças que enfrentamos, comparecem como sintomas de uma doença crônica cultural e espiritual. Ela afeta a todos; mas, principalmente, os 20% que consomem a maior parte da riqueza do mundo. Esta crise nos obriga a pensar num outro paradigma de civilização, porque o atual é demasiadamente destrutivo. É o que viemos escrevendo com frequência em nossos artigos.
Tempos de crise podem ser também tempos de criatividade, tempos no quais novas visões e novas oportunidades aparecem. O kanji chinês para crise, wei-ji, é o resultado da combinação dos kanjis paraperigo e para oportunidade(representados por uma poderosa lança e por um escudo impenetrável). Isto não é uma simples contradição ou um paradoxo; os perigos reais nos forçam buscar as causas profundas e a procurar alternativas para não desperdiçar as oportunidades.
Para a nossa cultura, a crise se deriva da palavra sânscrita kri que significa purificar e acrisolar. Portanto, se trata de um processo, certamente doloroso, mas altamente positivo de purificação de nossas visões e que funciona como um crisolde nossas atitudes ético-espirituais. Ambos os sentidos, o chinês e sânscrito, são iluminadores.
O nosso tempo
Temos que revisitar as fontes de sabedoria das muitas culturas da Humanidade. Algumas são ancestrais e chegam a nós através das mais diversas tradições culturais e espirituais. Fundamental é a categoria do “bem viver” das culturas andinas. Outras são mais modernas como a ecologia profunda, o feminismo e ecofeminismo, a psicologia transpessoal e a nova cosmologia, derivada das ciências da complexidade, da astrofísica e dos novos saberes da vida e da Terra.
Termino com o testemunho de duas notáveis ecologistas e educadoras norte-americanos, Macy e Brown que asseveram: “A característica mais extraordinária do atual momento histórico da Terra não é que estejamos a caminho da devastação de nosso planeta, pois já o estamos fazendo há muito tempo; é que estamos começando a acordar, de um sono milenar, para um novo tipo de relação para com a natureza, a vida, a Terra, os outros e para conosco mesmo. Esta nova compreensão tornará possível a tão ansiada Grande Transformação” (Macy e Brown, Nossa vida como Gaia, 2004, 37). E ela virá por graça da evolução e de Deus.
Leonardo Boff é teólogo e membro da Comissão Central da Carta da Terra e junto com M. Hathway, autor de O Tao da Libertação (Vozes) 2012.

EUA querem construir ‘cerca virtual’ na fronteira com o México




As autoridades de fronteira dos Estados Unidos têm testado um exército de guardiães eletrônicos no combate aos imigrantes ilegais

As autoridades de fronteira do Estados Unidos têm testado um exército de guardiães eletrônicos no combate aos imigrantes ilegais e traficantes de drogas, que aproveitam o cair da noite para tentar entrar no EUS.
O campo de testes da chamada cerca virtual tem sido o estado do Arizona.
São radares, câmeras e sensores infravermelhos disfarçados de rochas, capazes de avisar movimentos suspeitos a uma sala de controle. Patrulhas, então, são acionadas e vão a campo com as coordenadas, as imagens e informações sobre se o alvo está, ou não, armado.
Fontes do governo dos EUA disseram que com a “cerca virtual” tentam detectar entre 70% e 80% das incursões na fronteira, empregando um número menor de efetivo e patrulhas.
- Nós queremos incrementar a efetividade dos agentes e usamos a tecnologia para nos dar indicadores do que acontece exatamente e nos fornecer informação suficiente para que as patrulhas possam selecionar a melhor forma de combater o problema -, diz Mark Borkowski, da área de inovação tecnológica do Departamento de aduanas e proteção de fronteiras dos EUA (da sigla em inglês, CBP).
O projeto chamado SBInet foi aprovado pelo governo do presidente George W. Bush em 2006, com a intenções de incorporar a tecnologia de vigilância ao longo dos 3.185 km de fronteira entre os dois países.
- A ideia é combinar o uso de uma infraestrutura tática e física, como muros e cercas, com tecnologia de sensores para identificar o que está acontecendo e do que se trata -, diz Borkowski.
O plano deveria ter entrado em operação em 2011, mas acabou sendo uma grande dor de cabeça para os governos Bush e Obama. Principalmente por ser caro, lento e estar cheio de problemas técnicos, que resultaram na sua suspensão em 2010.
Grandes gastos
De acordo com o Departamento de Segurança Nacional, foram gastos US$ 1 bilhão para usar essa tecnologia em uma área de 85 km de extensão.
Mesmo com este custo, o sistema se mostrou incapaz de, diante de ventos fortes, diferenciar uma árvore de uma pessoa e levava muito tempo no envio das informações.
Não foi a primeira vez que a tecnologia resultou em fiasco. Duas tentativas anteriores, em 1998 e em 2005, também fracassaram por falta de efetividade, já que somente 1% dos alertas emitidos pelos equipamentos resultaram em prisões.
A ideia é que os sensores e radares substituam os agentes na tarefa de vigiar os monitores de vigilância na fronteira.
Mesmo assim, os Estados Unidos querem investir mais US$ 750 milhões em um projeto conhecido como Torres Adaptadas Integradas (na sigla em inglês, IFT).
Neste novo projeto, o departamento de segurança nacional convocou em abril um concurso convidando empresas privadas a apresentar suas propostas para a construção de seis novas torres com radares e câmeras que deverão ser instaladas em diferentes pontos da fronteira até 2020.
Estas torres, de acordo com o especificado, terão a capacidade de detectar uma pessoa em um raio de oito quilômetros.
Borkowski diz ainda que o governo está adquirindo tecnologia capaz de detectar túneis usados por traficantes para cruzar a fronteira.
Rochas que espiam
De acordo com o departamento de auditoria do governo dos EUA, entre 2003 e 2007 foram adquiridos 7.500 sensores, que foram instalados ao longo da fronteira com o México. Eles são usados para estabelecer perímetros de detecção de movimentos e são dos mesmo tipo dos usados no Afeganistão.
Conhecidos como sensores terrestres autônomos (da sigla em inglês UGS), estes dispositivos são usados desde a década de 70, mas nos dias de hoje podem ter o tamanho de um grão de arroz e, ficar operativo durante décadas, já que se recarrega com energia solar.
Além de adquirir UGS de última geração, o projeto da SBInet ergueu torres de vigilância de 12 a 36 metros, equipadas com radares infravermelhos e sensores ópticos.
- Os radares podem detectar atividade e ativar as câmeras. Muitas das tecnologias como o UGS não sabem o que se move por ali. Pode ser um animal, ou uma pessoa. Graças a estes dispositivos podemos liberar as patrulhas da tarefa de ver os monitores das câmeras e se ocupar de outras ameaças -, explicou Borkowski.
Fantasmas do deserto
Ao trabalho dos sensores, juntaram-se recentemente os aviões não tripulados, capazes de localizar pessoas e veículos desde uma altura de 6 mil metros.
Estes equipamentos dispõem de um radar, sete câmeras de video, sensores infravermelhos e um poderoso zoom. Cada unidade custa US$ 20 milhões e, de acordo com o departamento de segurança nacional, nove deles já patrulham os céus de Arizona, Flórida, Texas e Dakota do Norte.

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Crise faz gregos criarem sociedades alternativas






 Os moradores da sociedade alternativa não têm acesso à rede grega de eletricidade, moram em cabanas comunitárias.
Sem perspectivas, em um país afundado na pior crise de sua história recente, jovens da Grécia estão recomeçando as vidas em sociedades alternativas baseadas em princípios radicais de sustentabilidade.
A comunidade Free and Real ( Livre e Real, em tradução literal), a sigla em inglês para Freedom of Resources para Todos, Respeito, Igualdade e Aprendizado – também em tradução literal), foi fundada há dois anos no sopé do monte Telaithrion, na paradisíaca ilha de Evia, por quatro jovens de Atenas.
Hoje, ela conta com dez moradores em tempo integral e mais de cem que passam parte do ano no local.
Um dos fundadores do movimento, o webdesigner Apostolos Sianos, afirma que abriu mão do emprego e de comodidades da sociedade moderna.
Os moradores da sociedade alternativa não têm acesso à rede grega de eletricidade, moram em cabanas comunitárias que eles mesmos construíram e comem a comida que produzem no local.
O excedente da produção é trocado no vilarejo mais próximo por produtos de que necessitem.
- O que outros viram como a crise econômica global, vimos como crise de civilização -, afirmou Sianos.
Tudo em crise
Para ele, tudo parecia em crise: o sistema de saúde, o meio ambiente, a educação.
A semente da ideia foi lançada em um fórum da internet em 2008, mas cresceu até sair do mundo virtual para o real.
- Quando tomei a decisão de abandonar a cidade e morar neste pedaço de terra, fiquei um pouco nervoso. Mas agora não consigo me imaginar naquele estilo de vida outra vez -.
Nos últimos meses, com o agravamento da crise grega, o estilo de vida alternativa proposto por Sianos vem atraindo cada vez mais interessados.
O esvaziamento das cidades, em um êxodo rumo ao campo, vem sendo registrado em várias regiões. Muitos agora procuram o Free and Real para se aconselhar sobre técnicas de vida sustentáveis e de agricultura orgânica.
- A crise financeira grega está dando uma enorme oportunidade às pessoas para verem que o sistema em que vivem não está funcionando, então podem começar a procurar alternativas -, afirmou Sianos.
Andonis Karantinakis é uma dessas pessoas. Morador da quarta maior cidade da Grécia, Heraklion, ele se considera uma “trabalhador inseguro”.
Desde que se formou em turismo, trabalhou em bares, restaurantes, lojas, segurança de aeroporto e até como ajudante arqueológico. Sempre temporariamente e nunca com garantias formais.
Em 2010, Sklavenitis e outros amigos desempregados formaram a primeira Associação dos Desempregados, com o objetivo de lutar por melhores condições de emprego e apoio psicológico àqueles que sofrem com o desemprego.
Desemprego
Atualmente, a Grécia paga seguro desemprego de 350 euros (por volta de R$ 870) por mês, durante 12 meses, para quem está com as contribuições em dia.
Com passeatas e protestos, a associação exige transporte gratuito para desempregados e descontos nas contas de luz e telefone.
O grupo também distribui cestas básicas para famílias em dificuldades.
O diretor da associação, Nikos Karantinakis, é um dos que necessita do auxílio – já que o pouco que produzem no jardim não é suficiente para alimentar a família inteira – pai, mãe e noiva.
Desde a fundação da primeira associação de desempregados, na ilha de Creta, iniciativas semelhantes surgiram em todo o país, nas metrópoles gregas Atenas, Tessalônica e Patras.
- Se o governo não nos ajuda, temos que lutar -, afirma Karantinakis.

9:49,  Por Redação, com BBC Brasil – de Brasília 21/8/2012
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Lei das Cotas Raciais ‘é anacrônica’, alerta pesquisador

negros

Sistema de cotas raciais, da forma como foi colocada, "decapita o movimento negro" no Brasil.

O projeto de Lei aprovado pelo Senado que estabelece as cotas sócio-raciais seguirá à sanção da presidenta Dilma Rousseff mas, na opinião de um dos autores do Programa de Ações Afirmativas da Universidade de Brasília (UNB), da forma que foi concebida, a nova Lei representará um enorme retrocesso ao dividir a comunidade negra. Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta Corte do país, reconhecer que “não precisa dividir” porque ser negro no Brasil representa, por si só, uma desvantagem.
Na opinião é do professor José Jorge de Carvalho, do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília e pesquisador do CNPq, em entrevista à última edição da revista semanal de esquerda Caros Amigos, o projeto aprovado pelo Senado cria as chamadas cotas sócio-raciais, ao reservar 50% das vagas para estudantes oriundos da escola pública; destes 50% devem ser reservadas aos estudantes de famílias com renda per capita de 1,5 salários mínios; e os outros 50% entre negros e indígenas proporcionalmente à presença de cada um desses segmentos em cada Estado da Federação, de acordo com o Censo do IBGE 2010.
– A Lei é anacrônica. A estória vai responsabilizar as lideranças negras que participaram desse retrocesso. Como é que o senador Paim, que tem assessores parlamentares afinados com esse tema, não lutou para desvincular as cotas sociais? Sarney virou paladino dos negros brasileiros? A elite branca racista brasileira entregou o anel para não entregar os dedos – ironizou.
Segundo afirmou José Jorge de Carvalho, a principal função da Lei “é conter a parte mais poderosa, a vanguarda do Movimento Negro”.
– Simplesmente, a Lei conteve a parte mais poderosa do Movimento, decapitou a comunidade negra. Os filhos dos empresários da Fiesp estudam na USP (Universidade de S. Paulo), na Universidade de Campinas (Unicamp). Os filhos dos empresários da Firjan, do Rio, também estudam nas melhores universidades públicas. Nossa luta sempre foi para que os filhos do Pelé tivessem os mesmos direitos dos filhos da faxineira e todos pudessem estudar – acrescentou.
José Jorge também critica o fato de o Senado ignorar, durante a tramitação da Lei, a experiência acumulada por 129 universidades que já adotam ações afirmativas por decisão dos seus próprios órgãos internos. Citou o caso das 51 que adotam cotas e lembrou que, destas, 46 instituições têm modelos diferentes.
– Das 51 universidades federais que tem cotas, 46 tem modelo diferente. Cada universidade que aprovou procurou a fazer de forma diferente das anteriores. Foi resultado sempre de uma negociação por parte dos Conselhos. Uma variedade de sistemas. A Lei simplifica o raciocínio. A massa crítica que gerou a luta pelas ações afirmativas não pôde influenciar o Congresso. Todas as audiências foram inúteis, foram inférteis, dissociadas de reflexão. Toda a inteligência gerada pela sociedade foi desprezada, considerada irrelevante – frisa.
De acordo com o professor da UnB, a luta por cotas é uma luta política.
– Para que lutamos durante mais de uma década? Para que existissem cotas para negros, para empoderar a comunidade negra. A luta por cotas raciais é uma luta política. A opção de colocar negros de baixa renda ou negros da escola pública é uma medida de contenção da comunidade negra. Querem dizer que apenas aceitam apoiar, reconhecem direito à proteção pelo Estado da parte mais frágil da comunidade negra – concluiu.

Fonte:www.correiodobrasil.com.br

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