terça-feira, 21 de agosto de 2012

EUA querem construir ‘cerca virtual’ na fronteira com o México




As autoridades de fronteira dos Estados Unidos têm testado um exército de guardiães eletrônicos no combate aos imigrantes ilegais

As autoridades de fronteira do Estados Unidos têm testado um exército de guardiães eletrônicos no combate aos imigrantes ilegais e traficantes de drogas, que aproveitam o cair da noite para tentar entrar no EUS.
O campo de testes da chamada cerca virtual tem sido o estado do Arizona.
São radares, câmeras e sensores infravermelhos disfarçados de rochas, capazes de avisar movimentos suspeitos a uma sala de controle. Patrulhas, então, são acionadas e vão a campo com as coordenadas, as imagens e informações sobre se o alvo está, ou não, armado.
Fontes do governo dos EUA disseram que com a “cerca virtual” tentam detectar entre 70% e 80% das incursões na fronteira, empregando um número menor de efetivo e patrulhas.
- Nós queremos incrementar a efetividade dos agentes e usamos a tecnologia para nos dar indicadores do que acontece exatamente e nos fornecer informação suficiente para que as patrulhas possam selecionar a melhor forma de combater o problema -, diz Mark Borkowski, da área de inovação tecnológica do Departamento de aduanas e proteção de fronteiras dos EUA (da sigla em inglês, CBP).
O projeto chamado SBInet foi aprovado pelo governo do presidente George W. Bush em 2006, com a intenções de incorporar a tecnologia de vigilância ao longo dos 3.185 km de fronteira entre os dois países.
- A ideia é combinar o uso de uma infraestrutura tática e física, como muros e cercas, com tecnologia de sensores para identificar o que está acontecendo e do que se trata -, diz Borkowski.
O plano deveria ter entrado em operação em 2011, mas acabou sendo uma grande dor de cabeça para os governos Bush e Obama. Principalmente por ser caro, lento e estar cheio de problemas técnicos, que resultaram na sua suspensão em 2010.
Grandes gastos
De acordo com o Departamento de Segurança Nacional, foram gastos US$ 1 bilhão para usar essa tecnologia em uma área de 85 km de extensão.
Mesmo com este custo, o sistema se mostrou incapaz de, diante de ventos fortes, diferenciar uma árvore de uma pessoa e levava muito tempo no envio das informações.
Não foi a primeira vez que a tecnologia resultou em fiasco. Duas tentativas anteriores, em 1998 e em 2005, também fracassaram por falta de efetividade, já que somente 1% dos alertas emitidos pelos equipamentos resultaram em prisões.
A ideia é que os sensores e radares substituam os agentes na tarefa de vigiar os monitores de vigilância na fronteira.
Mesmo assim, os Estados Unidos querem investir mais US$ 750 milhões em um projeto conhecido como Torres Adaptadas Integradas (na sigla em inglês, IFT).
Neste novo projeto, o departamento de segurança nacional convocou em abril um concurso convidando empresas privadas a apresentar suas propostas para a construção de seis novas torres com radares e câmeras que deverão ser instaladas em diferentes pontos da fronteira até 2020.
Estas torres, de acordo com o especificado, terão a capacidade de detectar uma pessoa em um raio de oito quilômetros.
Borkowski diz ainda que o governo está adquirindo tecnologia capaz de detectar túneis usados por traficantes para cruzar a fronteira.
Rochas que espiam
De acordo com o departamento de auditoria do governo dos EUA, entre 2003 e 2007 foram adquiridos 7.500 sensores, que foram instalados ao longo da fronteira com o México. Eles são usados para estabelecer perímetros de detecção de movimentos e são dos mesmo tipo dos usados no Afeganistão.
Conhecidos como sensores terrestres autônomos (da sigla em inglês UGS), estes dispositivos são usados desde a década de 70, mas nos dias de hoje podem ter o tamanho de um grão de arroz e, ficar operativo durante décadas, já que se recarrega com energia solar.
Além de adquirir UGS de última geração, o projeto da SBInet ergueu torres de vigilância de 12 a 36 metros, equipadas com radares infravermelhos e sensores ópticos.
- Os radares podem detectar atividade e ativar as câmeras. Muitas das tecnologias como o UGS não sabem o que se move por ali. Pode ser um animal, ou uma pessoa. Graças a estes dispositivos podemos liberar as patrulhas da tarefa de ver os monitores das câmeras e se ocupar de outras ameaças -, explicou Borkowski.
Fantasmas do deserto
Ao trabalho dos sensores, juntaram-se recentemente os aviões não tripulados, capazes de localizar pessoas e veículos desde uma altura de 6 mil metros.
Estes equipamentos dispõem de um radar, sete câmeras de video, sensores infravermelhos e um poderoso zoom. Cada unidade custa US$ 20 milhões e, de acordo com o departamento de segurança nacional, nove deles já patrulham os céus de Arizona, Flórida, Texas e Dakota do Norte.

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